Antes, lamentava por não ter
dinheiro para comprar todos os livros que lia. Hoje,
lamento por saber que compro mais livros do que tenho tempo para ler.
Antes, achava que a arte viria
com a maturidade. Hoje, acho que o ímpeto se perdeu em algum momento de minha
juventude.
No mundo das redes sociais, todos
os homens exibem a felicidade, a força, a sabedoria, a beleza, a coragem, a
atitude “cool” que têm diante do mundo. Até mesmo a intolerância é controlada,
pois é preciso que o ódio seja ainda capaz de receber alguns apoios. A tristeza,
a fragilidade, a ignorância, a feiúra, a hesitação, a vergonha, a caretice
quase não existem lá. Quem dera as pessoas fossem de verdade como são no
facebook!
Os parques das cidades estão
abarrotados de pessoas pregadas em celulares e tabletes eletrônicos. Muitas
tiram fotos e enviam notícias de sua diversão em tempo real. É preciso urgentemente
levar essas pessoas para passear.
Vive-se uma ditadura da
juventude. Nunca foi tão reiterada a afirmação sobre as vantagens de ser
“jovem”. Nunca se falou tanto da necessidade de sempre estar em atividade, de
“nunca parar”, “nunca desistir”. Nunca as indústrias de dieta, moda e cosméticos
faturaram tanto. Nunca se ignorou tanto os mais velhos. Nunca a história foi
tão ignorada e o presente, tão eterno. Nunca se meditou tão pouco sobre as
fases da vida. Nunca se utilizaram tanto as palavras “frescor” e “novidade”, e
suas contrapartes “ultrapassado” e “obsoleto”. Nunca se falou ou se refletiu
tão pouco sobre a morte, não a morte dos outros (sempre tão comentada), mas a
morte em si.
Acordei de mal de mim. De novo.
2 comentários:
E de novo.
And again. And again. And again. And again.
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