Você foi de um egoísmo monstruoso. Acho que é em parte culpa minha que você tenha se tornado o que é. Gostaria de não te amar, mas, das duas filhas que nós tivemos, sua mãe e eu, você era a mais linda. E você precisava me seduzir. E eu preciso ser seduzido. Eu estava muito só, sua mãe vivia no hospital, e isso facilitou as coisas pra você.
Amei você loucamente todos esses anos. Sua irmã se fechou e, você, você desabrochou. Cada dia mais agressiva, mais insolente, acre, fria, superficial. Mas não pude evitar de amar você. Agora, sinto um ódio por você que não some nem estando meu corpo
Sou culpado, pois fui eu que tornei minha filhinha arrogante. Eu realmente amei o seu orgulho. Como a coalhada, sua arrogância virou uma vaidade azeda. Seu orgulho tornou-se uma afetação estúpida. Hoje, você é uma pessoa amarga. É mesmo minha filha. Por trás do seu riso seco, acha que não vejo como se diverte? Diverte-se, porque o orgulho te enfraquece, mas sua amargura lhe dá uma força terrível. Você era toda submissa. Até que descobri, por trás de sua submissão, uma vontade e uma inveja que me encheram de terror.
Tenho medo de você. Odeio você, minha filhinha. Estou morrendo, e acho injusto que eu morra e que você viva. Queria que você tivesse o meu câncer, que sofresse. Ter tempo de perdoar você após a sua morte. Então, morro cheio de ódio. Não suporto que você sobreviva a mim. Eu queria que você morresse no meu lugar, e isso não é possível.
Ma petite fille cherie,
Tu étais d’un egoïsme monstrueux. Je pense que c’était un peu de ma faute si tu es devenue ce que tu es. Je voudrais ne pas t’aimer. Mais des deux filles que nous avons eues, ta mère et moi, tu étais la plus jolie. Et tu avais besoin de me séduire. Et j’ai besoin d’être séduit. J’étais très seul, ta mère était souvent à l’hôpital, et cela t’est rendu la partie facile.
Je t’ai follement aimé, toutes ces années. Ta soeur s’est renfermé, et toi, tu t’es epanouie. Chaque jour plus agressive, plus insolente, âcre, froide, superficiel. Mais je n’ai pu m’empêcher de te chérir. Maintenant, j’ai une colère contre toi que je n’arrive pas à arrêter alor que mon corps est devasté. Je brûle de colére, en avant ta rébellion mauvaise.
Je suis coupable, parce que c’est moi qui a poussé ma petite fille à ètre fière. J’avais tellement aimé ton orgueil. Comme le caillé, ta fierté a tourné une vanité aigre. Ton orgueil est devenu une coqueterie stupide. Aujourd’hui, tu es une autre d’une amertume, mon enfant, comme moi. Tu es bien ma fille. Derriére ton rire sec, crois-tu que je n’entends pas comme tu jouis? Tu jouis parce que l’orgueil t’enfaible mais ta amertume te donne une force terrible. Toi, tu étais toute soumise. Mais que je decouvre, derrière ta soumission, une volonté et une envie qui me plonge dans la terreur.
Je te crains. Je te hais, ma petite fille. Je suis en train de mourir et j’estime injuste que je meure et que, toi, tu vives. Je voudrais que tu aie mon cancer et que tu soufres. Avoir du temps pour te pardonner après ta mort. Alors, je meurs dans la colère. Je ne supporte pas que tu me survives. Je voudrais que tu meures en ma place, et ce n’est pas possible.
(do filme « Reis e Rainhas », de Arnaud Desplechin)
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